“Temos que criar uma comissão com vários órgãos para discutir”, diz Luciano Duque sobre cannabis no SUS de Pernambuco

Lei que prevê distribuição gratuita de medicamentos à base de cannabis em Pernambuco ainda depende de regulamentação. Deputados propõem comissão para acelerar implementação

Publicada em 09/04/2025

“Temos que criar uma comissão com vários órgãos para discutir”, diz Luciano Duque sobre cannabis no SUS de Pernambuco

Reunião da Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal e do Cânhamo IndustrialImagem: Nando chiappetta

Entrou em vigor no último sábado (5), em Pernambuco, a Lei nº 18.757/2024, que institui a Política Estadual de Fornecimento de Remédios e Produtos Derivados de Cannabis. A norma garante a distribuição gratuita dos medicamentos, desde que prescritos por profissionais legalmente habilitados, conforme diretrizes do Ministério da Saúde e da Anvisa.

No entanto, a efetivação da lei depende da regulamentação por parte do Executivo estadual, o que ainda não foi feito — mesmo após o prazo de 120 dias estabelecido no próprio texto legal.

 

Proposta de comissão interinstitucional

 

Durante reunião da Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial, realizada na segunda-feira (7), o deputado estadual Luciano Duque (Solidariedade) — coautor da lei ao lado de João Paulo (PT) — propôs a criação de uma comissão com representantes de diversos órgãos para dialogar com a Secretaria Estadual de Saúde.

“A gente tem que criar uma comissão com vários órgãos para discutir com a Secretaria de Saúde do Estado e propor a regulamentação do uso de medicamentos [derivados de cannabis]. Precisamos entender o que já está sendo feito em outros estados para apresentarmos propostas concretas à secretária”, afirmou Duque.

O encontro, o primeiro da Frente Parlamentar em 2025, também discutiu a regulamentação e comercialização do cânhamo industrial. Entre os convidados, estava Bruno Pegoraro, presidente do Instituto Ficus — organização voltada à promoção de políticas públicas e inovação em produtos naturais com valor terapêutico e econômico.

Pegoraro destacou a versatilidade do cânhamo, apontando sua aplicação na produção de tecidos, cordas, fibras e cosméticos. Ele reforçou a urgência de aprimorar a legislação sobre cultivo, importação e exportação da planta.

“É fundamental discutir na Alepe o cânhamo e outras commodities do futuro, avaliando incertezas, a regulamentação apropriada e o melhor tipo de aproveitamento da planta no Brasil”, defendeu.

 

Pressão política e autonomia local


O deputado João Paulo, coordenador da Frente, ressaltou que o avanço no acesso à cannabis medicinal depende da criação de políticas públicas de saúde e da superação de preconceitos ainda existentes em setores conservadores.

“Tem sido uma luta muito grande. Aqui na Assembleia, tivemos a sanção da lei no último dia do prazo. Só teremos uma conquista maior com pressão política”, afirmou.

O presidente da Associação para Pesquisa e Desenvolvimento da Cannabis Medicinal no Brasil (CANNAB), Leandro Stelitano, defendeu que estados e municípios tenham maior autonomia em todas as etapas do processo — do cultivo à fabricação dos medicamentos.

“Leis municipais e estaduais são importantes. Quem precisa não pode esperar. Aqui em Pernambuco, temos órgãos públicos com plena capacidade para atuar, como o LAFEPE e diversas universidades”, destacou.

 

Com informações de Alepe