Tipos de estudos científicos: como eles influenciam decisões médicas e farmacêuticas

Entenda os principais tipos de estudos científicos, como ensaios clínicos, revisões e metanálises, e saiba como eles ajudam na escolha de tratamentos e medicamentos seguros

Publicada em 27/05/1825

Tipos de estudos científicos: como eles influenciam decisões médicas e farmacêuticas

Imagem ilustrativa: Canva.

A ciência médica e farmacêutica é fundamental para melhorar nossa saúde. No entanto, as decisões sobre o que deve ser recomendado, prescrito ou aprovado nem sempre são simples. Para garantir que os tratamentos funcionem de verdade e sejam seguros, são realizados vários tipos de estudos. Esses estudos variam em método, precisão e finalidade. A seguir, explicamos de forma simples os principais tipos de estudos científicos e qual o papel deles na medicina.

 

Estudos científicos: o que são e como funcionam?

 

Existem diferentes tipos de estudos que os cientistas usam para testar medicamentos, tratamentos e novas terapias. Esses estudos ajudam a responder perguntas importantes, como: "Esse remédio funciona mesmo?", "É seguro?" ou "Qual a melhor maneira de tratar uma doença?"

Aqui, vamos explicar os tipos de estudos científicos mais comuns e como eles se encaixam no processo de tomada de decisão na medicina.

 

1. Revisões e metanálises: a coleta de sabedoria

 

Revisão narrativa

Esse tipo de estudo reúne informações de vários artigos sobre um tema. Porém, ele não tem um critério rigoroso de seleção, o que significa que pode faltar precisão. É mais uma forma de resumir o que já foi pesquisado sobre determinado assunto.

Fonte: "The Cochrane Collaboration" – para entender como as revisões funcionam em saúde (www.cochrane.org).

Revisão sistemática

Diferente da revisão narrativa, aqui os pesquisadores seguem um método rigoroso para escolher os estudos a serem analisados. Eles buscam reunir todos os estudos relevantes sobre um tema e fazem uma análise mais detalhada, garantindo que a revisão seja mais confiável.

Fonte: "Cochrane Handbook for Systematic Reviews" – manual para fazer revisões sistemáticas bem feitas.

Metanálise

É a revisão mais robusta. Ao invés de apenas resumir os estudos, ela combina os dados de várias pesquisas para tirar conclusões mais fortes e confiáveis. Uma metanálise bem-feita é muito respeitada no meio científico.

Fonte: "Meta-analysis in Medical Research" – para compreender como a metanálise é usada (www.ncbi.nlm.nih.gov).

 

2. Estudos observacionais: quando a ciência observa o mundo real

 

Estudos de coorte

Esses estudos acompanham grupos de pessoas ao longo do tempo. Por exemplo, eles podem observar pacientes que tomam um determinado remédio e compará-los com outros que não tomam, para ver como a doença se desenvolve em cada grupo.

Fonte: "Cohort Studies in Medicine" – definição e exemplos de estudos de coorte (www.bmj.com).

Estudos caso-controle

Nesses estudos, os pesquisadores comparam pessoas que têm uma doença (os "casos") com outras que não têm (os "controles"). O objetivo é identificar fatores que possam estar associados ao desenvolvimento da doença.

Fonte: "Case-Control Studies" – explicação de estudos caso-controle no contexto de doenças (www.ncbi.nlm.nih.gov).

Estudos transversais

Esses estudos pegam um "instantâneo" da realidade. Eles analisam dados de um grupo de pessoas em um momento específico, sem acompanhar o grupo ao longo do tempo.

Fonte: "Cross-sectional Studies in Epidemiology" – estudo transversal no contexto epidemiológico (www.cdc.gov).

 

3. Estudos experimentais: testando tratamentos de forma controlada

 


Ensaios Clínicos Randomizados (RCTs)

Os RCTs são considerados o "padrão-ouro" dos estudos científicos. Nesse tipo de estudo, os participantes são divididos aleatoriamente em grupos. Um grupo recebe o tratamento ou medicamento, enquanto o outro recebe um placebo (tratamento sem efeito). Isso ajuda a garantir que os resultados sejam confiáveis e não sejam influenciados por outros fatores.

Fonte: "Randomized Controlled Trials (RCTs)" – explicação detalhada do RCT e sua importância (www.nice.org.uk).

Ensaios duplo-cegos

Nos ensaios duplo-cegos, nem os participantes nem os pesquisadores sabem quem está recebendo o tratamento real ou o placebo. Isso elimina qualquer viés (influência pessoal) e ajuda a garantir que os resultados sejam mais imparciais.

Fonte: "Double-Blind Study" – definição e importância dos ensaios duplo-cegos (www.ncbi.nlm.nih.gov).

Ensaios triplo-cegos

Semelhante aos duplo-cegos, mas nesse caso, além dos participantes e pesquisadores, o próprio analista dos dados também não sabe quem recebeu o tratamento ou o placebo. Isso torna o estudo ainda mais imparcial.

Fonte: "Triple-Blind Studies" – compreensão dos ensaios triplo-cegos (www.theclinicaltrialsguru.com).

 

4. Estudos de laboratório: a fase inicial

 

Antes de testar um medicamento em pessoas, muitos estudos começam em laboratórios, com células ou animais. Os estudos in vitro testam substâncias em células, e os estudos in vivo testam em animais. Essas fases ajudam a entender como um medicamento pode reagir no corpo humano antes de ser testado em pessoas.

Fonte: "In Vitro vs In Vivo Studies" – explicação dos estudos in vitro e in vivo (www.ncbi.nlm.nih.gov).

 

A importância dos estudos duplo-cegos e triplos-cegos

 

Os estudos duplo-cegos e triplos-cegos são altamente respeitados por eliminarem o viés. Quando um estudo é duplo-cego, nem o pesquisador nem o participante sabem quem está recebendo o tratamento real ou o placebo. Isso reduz o risco de influências externas e garante que os resultados sejam o mais confiáveis possível.

Nos ensaios triplos-cegos, o nível de imparcialidade é ainda mais alto, já que até os analistas dos dados não sabem quem recebeu o tratamento ou o placebo. Esses estudos são muito importantes, pois ajudam a garantir que os resultados não sejam influenciados por preconceitos ou expectativas.

 

Qual é o "Top 1" para embasar decisões médicas e farmacêuticas?

 

O padrão-ouro da ciência médica são os Ensaios Clínicos Randomizados (RCTs) e as Metanálises de RCTs.

Por quê?

✔️ Eliminam o máximo de viés possível.
✔️ Testam diretamente a eficácia do tratamento em humanos.
✔️ Usam grupos controle e aleatorização, deixando os resultados mais confiáveis.
✔️ Quando combinados numa metanálise, geram um nível de evidência fortíssimo.

Se um medicamento ou tratamento foi testado e aprovado num RCT bem feito com metanálise confirmando, a comunidade científica considera isso um ótimo embasamento para guiar decisões médicas e regulatórias.

 

Fontes utilizadas:

 

The Cochrane Collaboration – www.cochrane.org
Cochrane Handbook for Systematic Reviews – www.cochrane.org
Meta-analysis in Medical Research – www.ncbi.nlm.nih.gov
Cohort Studies in Medicine – www.bmj.com
Case-Control Studies – www.ncbi.nlm.nih.gov
Cross-sectional Studies in Epidemiology – www.cdc.gov
Randomized Controlled Trials (RCTs) – www.nice.org.uk
Double-Blind Study – www.ncbi.nlm.nih.gov
Triple-Blind Studies – www.theclinicaltrialsguru.com
In Vitro vs In Vivo Studies – www.ncbi.nlm.nih.gov