UNESCO inclui cannabis na pauta da Conferência Mundial de Cultura

Mondiacult 2025 marca o centenário da proibição internacional e pode redefinir o lugar da planta nas políticas globais

Publicada em 16/09/2025

UNESCO inclui cannabis na pauta da Conferência Mundial de Cultura

Entre 29 de setembro e 1 de outubro, durante a 25ª edição do evento, as organizações da sociedade civil FAAAT (Forum Drugs Mediterranean) e a Embaixada da Cannabis defenderão a centralidade da cannabis nos debates. Imagem: Canva Pro

Pela primeira vez em sua história, a Mondiacult, conferência emblemática da UNESCO sobre políticas culturais, dará um lugar de destaque à cannabis. O evento marca o centenário da proibição internacional da planta e reflete sua crescente aceitação cultural.

A Conferência Mundial da UNESCO sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável é a maior do mundo, reunindo delegações de 194 Estados-Membros para definir a agenda cultural global para os próximos anos.

 

Iniciativa histórica na agenda cultural


Entre 29 de setembro e 1 de outubro, durante a 25ª edição do evento, as organizações da sociedade civil FAAAT (Forum Drugs Mediterranean) e a Embaixada da Cannabis defenderão a centralidade da cannabis nos debates. A ação ocorre no momento em que as Nações Unidas preparam seu quadro de desenvolvimento pós-2030.

As entidades apresentaram duas contribuições oficiais: um documento técnico intitulado “Cannabis: Uma planta sem fronteiras. Um diagnóstico cultural cem anos após a proibição” e um relatório sobre o papel das comunidades canábicas na preservação do patrimônio cultural imaterial.

“O Mondiacult é o maior encontro internacional dedicado à cultura, reunindo milhares de participantes que irão moldar a agenda global nos próximos anos”, disse Sébastien Béguerie, Presidente da FAAAT.

Kenzi Riboulet-Zemouli, especialista em política internacional de drogas, acrescentou que a edição de 2025 representa um “momento decisivo” para incluir as culturas relacionadas à cannabis na próxima estratégia de desenvolvimento da ONU.

 

Um século de proibição em reavaliação

 

Esta inclusão da cannabis no debate coincide com o centenário de sua listagem como "entorpecente" pelo direito internacional. As iniciativas na Mondiacult visam reformular esse legado, integrando práticas relacionadas à planta em programas de patrimônio e sustentabilidade.

Isso reflete uma tendência global de afastamento da proibição para o reconhecimento cultural. A FAAAT, que atua na reforma da política de drogas há mais de duas décadas, desempenhou um papel fundamental na reclassificação da cannabis pela ONU em 2020.

 

O Legado de 1925

 

O ano de 1925 marcou o nascimento do controle internacional da cannabis. Em 19 de fevereiro daquele ano, a Convenção de Genebra sobre o Ópio incluiu o "cânhamo indiano" na lista de substâncias controladas, a pedido do Egito, tornando a cannabis, pela primeira vez, uma droga controlada internacionalmente.

Os documentos da conferência apontam que governos conservadores, como os de Brasil, Egito e África do Sul, conseguiram estender ao planeta suas "visões racistas, colonialistas e intolerantes" sobre a planta. A Convenção de 1925 gerou tratados que continuam em vigor, como a Convenção Única sobre Entorpecentes de 1961.

 

Com informações de Business of cannabis