Hempcrete: Startup e UFRN relizam pesquisa para concreto de cânhamo

A inovação com o hempcrete e o potencial do cânhamo

Publicada em 30/11/2023

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Por redação Sechat

O hempcrete ou concreto de maconha é uma tecnologia que tem se mostrado cada vez mais promissora para revolucionar a contrução civil. Os prédios e construções são responsáveis por aproximadamente 37% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2). O hempcrate tem um ótimo isolamento térmico, o que melhora a eficiência energética dos edifícios e reduz as emissões de gases de efeito estufa ao longo do tempo. O hempcrete também continua a absorver carbono ao longo de sua vida útil.

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Pensando em encontrar soluções, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte iniciou uma pesquisa em parceria com a startup Liamba Comitiva P&D e a Reconstruir Cannabis. Os trabalhos são realizados através do Departamento de Engenharia Têxtil da UFRN onde os novos potenciais da cannabis estão sendo explorados. O projeto, ganhador do edital da FAPERN dedicado exclusivamente à Cannabis, está explorando novas abordagens no aproveitamento da fibra e dos resíduos dessa planta versátil.

Hempcrete e o Cânhamo:

O destaque do projeto está na criação do Hempcrete, um composto de construção à base de cânhamo. O cânhamo, uma variedade da Cannabis, é conhecido por suas fibras duráveis e versáteis, e o Hempcrete capitaliza essas propriedades. Essa mistura é conhecida por oferecer benefícios ambientais significativos, pois é um material de construção sustentável, leve, resistente ao fogo e possui alta capacidade de regulação térmica, reduzindo a necessidade de sistemas de aquecimento e resfriamento.

Desenvolvimento de Maquinários e Novas Aplicações:

Além da pesquisa em Hempcrete, a Liamba está focada no desenvolvimento de maquinários especializados voltados para o cultivo e processamento do cânhamo. Esses equipamentos desempenharão um papel crucial na viabilização e ampliação dessas inovações na prática, possibilitando a produção em escala e a exploração de novas aplicações.

Entrevista com a Professora Viviane Fonseca, UFRN:

Pergunta: Como essa parceria e o projeto aprovado pelo edital da FAPERN impactam a pesquisa na UFRN e suas perspectivas futuras na área da Cannabis?

Professora Viviane Fonseca: "A parceria entre a Liamba , a Reconstruir Cannabis e o Departamento de Engenharia Têxtil vem trazendo novos horizontes para as pesquisas na área de Cannabis. Uma vez que através desse edital da FAPERN, que foi exclusivo para Cannabis, nós estamos descobrindo novas formas de trabalhar com a fibra e reaproveitamento de seus resíduos, principalmente porque em geral as pesquisas se referem ao uso do cânhamo, que é uma variedade da Cannabis, onde eles também é comumente chamam o cânhamo de hemp fiber. Porém, com esse projeto, nós temos observado que há uma possibilidade de reaproveitamento, não só da planta da cannabis medicinal para obtenção de fibras, bem como temos observado diferentes fibras com base na variedade genética que nos tem sido fornecido pelos pacientes. Desta forma,estamos vislumbrando a possibilidade de novas aplicações, não só na construção civil como também em outras áreas de engenharia. O nosso nosso projeto é voltado para aplicação e construção civil, em que a proposta ela visa a utilização das fibras na confecção de um concreto têxtil, que essa parte ainda não começou, mas nós estamos trabalhando para a produção de tijolos ecológicos, que também é conhecido como hempcrete. A diferença no nosso projeto para as pesquisas realizadas em outros países, está exatamente nas composições, onde nós estamos buscando usar o mínimo possível de cimento e achar excelentes propriedades dos materiais. Por outro lado, nós também a partir desse trabalho e dessa parceria nós estamos avaliando a viabilidade de utilização das raízes que não têm tido utilidade nos trabalhos vistos nas pesquisas bibliográficas. Estamos agora para fazer um procedimento de utilização dessas raízes para a parte de efluentes. Então, remoção de contaminantes em efluentes e confecção de filtros de purificação. Então, um projeto desse é de extrema importância, porque além do edital da FAPERN, abrir caminho para outros pesquisadores poderem fazer seus trabalhos desde a parte social à parte medicinal do óleo, nós temos todos esses resíduos, principalmente também o resíduo do processo de obtenção do óleo para a criação e desenvolvimento de novos produtos, e isso tem sido um mote bem interessante nas nossas pesquisas. Os trabalhos vem andando em conformidade diante das dificuldades que temos, e os resultados são animadores, demonstrando uma perspectiva futura muito interessante para essa planta.

Entrevista com Felipe, Diretor da Liamba Comitiva P&D

Pergunta: Como a Liamba Comitiva surge no Brasil e qual é sua visão em relação ao potencial da Cannabis e do cânhamo no país?


A Liamba Comitiva surge no Brasil com a perspectiva de impulsionar a pesquisa e a utilização sustentável da Cannabis e do cânhamo. Enxergamos essas culturas como catalisadoras de oportunidades econômicas significativas, com previsão de gerar mais de 300 mil empregos, conforme indicam estudos recentes. Além disso, a sustentabilidade é um dos pilares fundamentais: o cânhamo, por exemplo, é reconhecido por sua versatilidade e baixo impacto ambiental. Sua cultura pode contribuir para práticas agrícolas mais sustentáveis, sendo particularmente promissor em regiões como o semiárido brasileiro, onde pode oferecer alternativas de cultivo mais adaptadas às condições locais, demandando menos recursos hídricos e reduzindo a necessidade de insumos químicos. Isso representa não apenas uma nova fronteira econômica, mas também uma oportunidade para promover práticas agrícolas mais amigáveis ao meio ambiente, algo essencial para o desenvolvimento sustentável do país."