Itamaraty vê dificuldades para ajudar russa presa com CBD na Rússia

Esposa de brasileiro foi condenada a 10 anos por tráfico de drogas após desembarcar com três frascos de canabidiol

Publicada em 02/10/2024

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Olga Tarasova, cidadã russa condenada na Rússia por tráfico de drogas, ao lado do marido brasileiro, Haroldo Jezler | Imagem: Arquivo Pessoal

A embaixada do Brasil em Moscou está acompanhando o caso de Olga Leonidovna Tarasova, cidadã russa casada com um brasileiro, condenada a 10 anos de prisão na Rússia por portar três frascos de canabidiol (CBD), substância de uso medicinal derivada da maconha. O Itamaraty avalia que será difícil interceder no caso, já que Olga é russa e o processo se enquadra nas leis locais.

A prisão ocorreu em junho de 2022, quando Olga desembarcou em Moscou para visitar sua irmã, que luta contra o câncer. Detida ainda no aeroporto, foi acusada de tráfico de drogas e condenada neste ano.

A família de Olga recorreu à primeira-dama do Brasil, Janja da Silva, pedindo ajuda para sua libertação. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, solicitou um estudo sobre a situação, que confirmou as "dificuldades concretas" de interferência, devido à nacionalidade de Olga. Uma fonte do Itamaraty destacou que a legislação interna russa limita a atuação do Brasil, comparando o caso a uma prisão de um brasileiro no Brasil, onde um outro país não poderia intervir.

O advogado Fernando Tiburcio, especializado em direitos humanos, questionou a inação do governo brasileiro, lembrando que Olga, de 34 anos, é esposa de um cidadão brasileiro e que casos como o do jornalista Julian Assange receberam mais atenção, mesmo sem vínculos diretos com o Brasil. "Não me parece justificável o silêncio do governo brasileiro", disse Tiburcio, em entrevista ao Uol, reforçando o apelo pela libertação de Olga.

O Itamaraty, no entanto, mantém o acompanhamento do caso, apesar dos "limites claros" quanto às ações diplomáticas possíveis.