Brasil é destaque em relatório global com casos de sucesso no uso de cannabis contra a dor

Relatório com participação brasileira destaca casos clínicos bem-sucedidos

Publicada em 02/07/2025

Brasil é destaque em relatório global com casos de sucesso no uso de cannabis contra a dor

Imagem ilustrativa: Canva Pro

A dor crônica refratária (DCR) orofacial é uma condição médica persistente, que afeta cerca de 40% da população brasileira. A patologia não responde aos tratamentos convencionais e afeta significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

Diversas causas podem estar associadas a essa condição, como doenças neurológicas, infecciosas e autoimunes. 

Um relatório publicado no periódico Karger, com base na Conferência Internacional de Cannabis Medicinal da Universidade de Berna (2025), reúne evidências clínicas promissoras sobre o uso da cannabis medicinal para dor crônica, com destaque para um artigo da Dra. Cynthia De Carlo.

"O mundo científico internacional tem voltado seus olhos com grande interesse e credibilidade para as pesquisas e os profissionais brasileiros, que vêm apresentando resultados positivos e promissores no uso da cannabis medicinal no tratamento da dor orofacial — uma área ainda pouco explorada até então", comenta De Carlo.

Segundo a doutora, esse avanço coloca o Brasil em uma posição de destaque, conferindo respaldo aos pesquisadores e pressionando conselhos e órgãos regulatórios a reconhecerem que a terapia é, de fato, eficaz e benéfica. "Também eleva a Odontologia brasileira a um patamar de grande respeito", destaca.
 

Uso da cannabis no tratamento da dor orofacial

 

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Dra. Cynthia De Carlo durante o Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal

 

A Dra. Cynthia De Carlo apresentou um caso clínico demonstrando os efeitos positivos da cannabis no tratamento da DCR orofacial. Com base em literatura científica, ela destacou o potencial da planta em restabelecer o equilíbrio físico, emocional e cognitivo, além de aliviar sintomas como estresse e ansiedade.

Foi apresentado o caso de uma paciente de 40 anos, que buscava alívio para sintomas intensos de dor facial, enxaquecas, dor cervical, estalidos mandibulares, insônia, ansiedade e depressão. Após passar por diversos especialistas e receber o diagnóstico de disfunção temporomandibular (DTM) e bruxismo avançado, iniciou o uso de óleo de cannabis de espectro completo 1500 mg em março de 2021.

Em julho do mesmo ano, utilizando 0,5 mL do óleo de cannabis, três vezes ao dia, a paciente relatou melhora significativa: “feliz, disposta, sem dores de cabeça, inchaço, estalidos ou dor no pescoço”. Em novembro de 2021, já não fazia uso de medicamentos alopáticos.

 

Cannabis também auxilia paciente com síndrome da cauda equina

 

Outro caso clínico apresentado no relatório foi desenvolvido por pesquisadores do Centro TRI, de Campinas (SP). Eles relataram o uso de óleo de cannabis com 75 mg/mL de CBD e 9 mg/mL de THC em uma paciente de 36 anos com síndrome da cauda equina (SCE), que sofria com dor neuropática refratária.

Após um ano de tratamento complementar com cannabis, a paciente relatou uma melhora de 80% na dor e na qualidade de vida, sem efeitos colaterais relatados.

O relatório também aborda a regulamentação da cannabis medicinal na América Latina, destacando que o Brasil legalizou o uso com controle rígido do teor de THC (< 0,2%). Apesar da menção ao Brasil, os autores da seção são oriundos da Colômbia e dos Estados Unidos.