Eles não falam, mas sentem, sofrem e também merecem cuidado. Cada vez mais, tutores e veterinários buscam alternativas seguras e integrativas para garantir qualidade de vida aos animais. Entre essas opções, a cannabis medicinal vem ganhando espaço, trazendo esperança para cães, gatos e outros pets com patologias diversas.

Desde que a prescrição de produtos à base de cannabis foi liberada para médicos veterinários, o panorama para os pets mudou, mas ainda caminha com cautela e cuidado. Segundo a médica veterinária integrativa Aline Goulart, referência no uso de cannabis medicinal para animais, ainda não há produtos específicos regulamentados para pets no Brasil. “O que usamos hoje são medicamentos humanos, adaptados de acordo com a segurança para cada espécie”, diz.

Ela explica que a principal diferença está no veículo do produto, ou seja, na base em que o óleo de cannabis é diluído. “Se o veículo for tóxico para o animal, não podemos usar. Por isso, escolhemos óleos seguros, como óleo de semente de uva ou óleo de abacate”, detalha Aline. Fora isso, a concentração e o quimiotipo do óleo seguem parâmetros semelhantes aos utilizados em humanos, sendo ajustados conforme a patologia e a necessidade de cada animal.

O mercado brasileiro ainda carece de produtos próprios para pets, mas o crescimento do interesse veterinário e dos tutores aponta para avanços futuros. Aline ressalta que, em breve, especialistas se reunirão em mesas redondas sobre Medicina Veterinária Cannabinoide, debatendo diretrizes e compartilhando conhecimento que poderá fortalecer a prática clínica.

Para Aline, o essencial é enxergar os animais como seres vivos que merecem um cuidado digno, com medicamentos integrativos que vão além do tratamento tradicional, oferecendo conforto, alívio e qualidade de vida. “Ainda estamos no começo, mas cada passo que damos na medicina veterinária canabinoide é um passo de amor e respeito por esses companheiros que fazem nossas vidas mais completas”, afirma.

A atenção à individualidade de cada pet e a busca por tratamentos integrativos mostram que, mesmo em um caminho que ainda se desenha, é possível unir ciência, segurança e afeto para garantir que cada animal viva com dignidade e bem-estar.

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