Doença periodontal e o uso terapêutico da cannabis em mulheres na menopausa

Saiba como a cannabis medicinal pode atuar como alternativa eficaz no controle da dor, da inflamação e na preservação da saúde óssea

Publicada em 08/10/2025

Doença periodontal e o uso terapêutico da cannabis em mulheres na menopausa

A menopausa pode agravar a doença periodontal, trazendo inflamação e desconforto gengival | CanvaPro

Há fases na vida em que o corpo da mulher pede um olhar mais gentil e a menopausa é uma delas. Um período em que muitas de nós, sentimos transformações que vão muito além das ondas de calor e que também alcançam a saúde bucal. 


A boca seca, o sangramento gengival e até a perda óssea são sintomas silenciosos de um processo que mexe com hormônios, tecidos e emoções.


Mas a boa notícia é que novas possibilidades terapêuticas começam a surgir nesse caminho de cuidado. E entre elas, a cannabis medicinal tem ganhado destaque como uma aliada promissora no combate à doença periodontal, condição inflamatória que compromete os tecidos de suporte dos dentes.


Quem explica pra gente é a dentista Rafaela A. da Rosa, especialista em Dor Orofacial, Implantodontia e uso terapêutico da cannabis na odontologia. “A menopausa é marcada por uma queda acentuada no estrogênio, hormônio que influencia diretamente a saúde do periodonto. Essa deficiência estimula substâncias pró-inflamatórias e acelera a reabsorção óssea, favorecendo a perda de inserção dos dentes”, explica Rafaela.

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O quadro se agrava com a redução do fluxo salivar e as mudanças na microbiota bucal, que deixam o ambiente mais vulnerável a bactérias e inflamações persistentes. E é justamente aí que os canabinoides, compostos derivados da cannabis sativa, podem fazer diferença.


Cannabis e o poder de restaurar o equilíbrio


 

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Dra. Rafaela da Rosa explica que o canabidiol pode favorecer a reparação dos tecidos e células gengivais saudáveis | Foto: Arquivo Pessoal

As propriedades anti-inflamatórias e analgésicas do canabidiol (CBD) vêm sendo amplamente estudadas na odontologia. Pesquisas iniciais apontam que o composto atua reduzindo citocinas inflamatórias e modulando receptores específicos do corpo, como o CB2, ajudando a controlar a inflamação gengival e a dor orofacial.

“O CBD pode até mesmo favorecer a reparação dos tecidos, estimulando células gengivais saudáveis e reduzindo a perda óssea em modelos experimentais”, conta a dentista.


Além disso, há evidências de que o uso terapêutico da cannabis possa contribuir para a saúde óssea de forma geral, o que é especialmente relevante para mulheres na menopausa, fase em que a osteoporose e a reabsorção óssea alveolar se tornam mais comuns.


Mas a especialista reforça: ainda é preciso cautela. “A maior parte dos estudos é pré-clínica. Precisamos de pesquisas mais robustas em humanos para definir protocolos seguros, doses ideais e vias de administração mais eficazes”. 


Um cuidado integrado: ciência, equilíbrio e empatia


Para quem deseja associar o tratamento odontológico convencional ao uso terapêutico da cannabis, Rafaela orienta uma abordagem integrada, que una ciência, acompanhamento médico e atenção aos detalhes.


Ela recomenda evitar o uso por inalação, que pode agravar a boca seca e a inflamação gengival, e priorizar formas orais controladas, como óleos ou gomas com certificação de qualidade. Também alerta para possíveis interações medicamentosas, já que o CBD pode alterar o metabolismo de alguns fármacos, exigindo monitoramento médico.

“Cada mulher é única, e o tratamento precisa respeitar essa singularidade. O uso da cannabis deve ser gradual, com doses baixas e acompanhadas de perto, sempre observando os efeitos e a evolução clínica”, ressalta.


Além disso, o cuidado básico nunca sai de cena: escovação adequada, uso do fio dental, hidratação constante e visitas regulares ao dentista continuam sendo a base de um sorriso saudável.


Cuidar da boca é também cuidar de si


A menopausa é um convite à escuta interna, um momento de redescobrir o próprio corpo e de se permitir acolher novas formas de cuidado. Para muitas mulheres, a cannabis surge não apenas como uma alternativa terapêutica, mas como um símbolo de reconexão com o bem-estar. “É sobre devolver conforto, autoestima e qualidade de vida”, finaliza.