Estudo sugere que eficácia da psilocibina no tratamento da depressão pode estar superestimada

O estudo incluiu ensaios clínicos com adultos com transtorno depressivo maior (TDM) ou depressão resistente ao tratamento (DRT)

Publicada em 27/08/2025

Estudo sugere que eficácia da psilocibina no tratamento da depressão pode estar superestimada

Imagem Ilustrativa: Canva Pro

 

Um estudo recente publicado em 2025 na revista JAMA Network Open trouxe novas evidências sobre o uso da psilocibina, substância psicodélica derivada de cogumelos, no tratamento da depressão. A pesquisa, que realizou uma meta-análise de 17 ensaios clínicos randomizados, comparou os resultados de tratamentos com psilocibina, escetamina e inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS).

Segundo os pesquisadores, os pacientes que receberam tratamentos de controle em ensaios com psilocibina apresentaram uma melhora significativamente menor nos sintomas depressivos do que aqueles nos grupos de controle de estudos com escetamina ou ISRS. Enquanto a resposta ao tratamento de controle nos estudos com psilocibina foi de cerca de 50%, ela atingiu 100% nos ensaios com ISRS e 112% nos ensaios com escetamina, medidos pela Escala de Avaliação de Depressão de Montgomery-Åsberg (MADRS).

 

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A psilocibina tem sido apontada como um antidepressivo inovador, com relatos de efeitos rápidos e duradouros, frequentemente superiores aos de antidepressivos tradicionais. No entanto, o estudo destaca que esses resultados podem estar superestimados. Fatores como o desmascaramento funcional – quando participantes e equipe percebem qual substância está sendo administrada – e altas expectativas dos pacientes em relação aos psicodélicos podem ter influenciado os resultados.

“Os resultados ruins do tratamento de controle em ensaios com psilocibina sugerem que sua eficácia antidepressiva pode não ser tão ampla quanto se pensava”, apontam os autores. Eles ressaltam que, embora a psilocibina apresente efeitos promissores, a comparação com outros tratamentos, como ISRS e escetamina, indica que os benefícios podem ser mais modestos do que relatos anteriores sugeriam.

O estudo incluiu ensaios clínicos com adultos com transtorno depressivo maior (TDM) ou depressão resistente ao tratamento (DRT), utilizando métodos rigorosos de meta-análise para comparar o efeito do tratamento ativo e dos grupos de controle. Além disso, foi observado que a população do estudo foi um moderador significativo dos resultados, indicando que as diferenças podem variar dependendo do perfil dos participantes.

O levantamento reforça a necessidade de cautela na interpretação de resultados de estudos com psicodélicos e aponta para a importância de pesquisas adicionais para confirmar a eficácia da psilocibina, especialmente em comparação com terapias já consolidadas.

 

Fonte: JAMA Network Open, 2025.