Lula nomeia Gleisi Hoffmann para articulação política; ministra tem histórico divergente sobre a cannabis
Deputada federal e presidente do PT substituirá Alexandre Padilha, com posse marcada para 10 de março
Publicada em 28/02/2025

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e Gleisi Hoffmann. Palácio do Planalto, Brasília - DF. Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na manhã desta sexta-feira, 28 de fevereiro, com a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e a convidou para assumir a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.
Gleisi substituirá o atual ministro da SRI, Alexandre Padilha, que foi recentemente indicado para o Ministério da Saúde. A posse da nova ministra está marcada para o dia 10 de março.
Atribuições da nova pasta
À frente da SRI, Gleisi terá como atribuições auxiliar ao Presidente da República na articulação política e no relacionamento interinstitucional do governo federal, além de elaborar estudos político-institucionais.
Ela será responsável pela interlocução com estados, municípios, o Poder Legislativo, partidos políticos e órgãos de controle externo, bem como pelo diálogo com entidades da sociedade civil.
Também caberá a Gleisi implementar as boas práticas legislativas, promover o pacto federativo e garantir o funcionamento do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável.
Debate sério sobre a cannabis
Em junho de 2024, após o Supremo Tribunal Federal (STF) descriminalizar o porte de até 40 gramas de maconha e o cultivo de até seis plantas fêmeas para uso pessoal, Gleisi se manifestou no “X”, antigo Twitter, criticando a PEC das drogas e a postura do Senado.
Segundo ela, a decisão do STF não deveria ser usada como pretexto para retrocessos no Congresso. “É um tema que exige um debate sério envolvendo toda a sociedade e que levou quase dez anos para ser resolvido pelo STF”, declarou.
A ministra também criticou a PEC das drogas, aprovada pelo Senado e em pauta na Câmara, afirmando que o Legislativo deve defender suas prerrogativas, mas sem "espírito de revanche". Na época, muitos parlamentares entenderam que o STF invadiu competências ao descriminalizar a cannabis.

10 anos atrás, a posição era outra
Em uma entrevista à revista Veja em 2013, quando ocupava o cargo da Ministra da Casa Civil no governo Dilma Rousseff, Gleisi afirmou ser contra a descriminalização das drogas. "Legalizar uma droga não resolve necessariamente o problema. Pode ser uma solução simplista", disse.
Ela ressaltou que, apesar de uma possível redução no tráfico, a descriminalização não elimina o impacto social das drogas. "Hoje, uma das substâncias que mais motivam a violência no trânsito, em casa e contra mulheres e crianças é o álcool. Precisamos fazer campanhas constantes para conscientizar sobre os perigos do álcool no trânsito", afirmou na ocasião.
A trajetória de Gleisi Hoffmann

Presidente do PT desde 2017, Gleisi Hoffmann contribuiu para o partido em momentos críticos, como o avanço da Operação Lava Jato, o impeachment de Dilma Rousseff, a eleição de Jair Bolsonaro e os 580 dias de prisão de Lula.
Deputada federal pelo Paraná, Gleisi teve um papel importante na campanha de 2022, mas o presidente Lula decidiu manter-la na presidência do partido. Nos últimos dois anos, ela tem sido uma das consultas mais ouvidas pelo presidente em decisões estratégicas.
Antes de presidir o PT, Gleisi foi senadora entre 2011 e 2018. Durante esse período, ela se licenciou para assumir o cargo de Ministro da Casa Civil no primeiro mandato de Dilma.
Gleisi iniciou sua trajetória política no movimento estudantil até o Paraná, formou-se em Direito, atuosamente como secretária estadual em Mato Grosso do Sul e como secretária de Gestão Pública em Londrina. Também foi diretora financeira da Itaipu Binacional.