A Associação Canábica Medicinal (ASCAMED), que atende cerca de mil pacientes de cannabis, foi alvo da segunda fase da Operação Desvio Verde da Polícia Federal (PF), na manhã desta sexta-feira (31). A operação foi realizada com um mandado de busca e apreensão. 

A ação foi realizada com um mandado de busca e apreensão. A ação acontece sete meses depois da primeira busca, também nas sedes de Santa Maria (RS) e Caçapava do Sul (RS) - primeira fase da Operação Desvio Verde.

Na sede administrativa, em Santa Maria, cerca de 200 plantas foram apreendidas. Destas, 40 estavam em estágio vegetativo e o restante ainda em fase de germinação. Também foram retidos 300 óleos, aparelhos de ar-condicionado, uma roçadeira e instrumental de laboratório para extrações e manipulações.

"Sobraram apenas cadeiras e mesas", disse o farmacêutico Marcelo Henrique Santana Nascimento, que estava presente na hora em que chegaram os 10 policiais, por volta das 9h.

A Associação ainda não tem informações sobre o desfecho da ação em sua sede campestre, em Caçapava do Sul. No local estavam dois engenheiros agrônomos da associação.

A associação afirma que irá manter os seus trabalhos para continuar o tratamento de todos os seus pacientes. Além disso, a ASCAMED espera mobilizar-se politicamente em níveis regional e nacional.

Antes da ação, a associação já possuía uma Ação Civil e um Habeas Corpus Coletivo em tramitação na justiça, segundo informação do presidente Matheus Hampel.  

15 dias depois de operação em SP

A ação contra a ASCAMED ocorre cerca de 15 dias após a Associação Santa Gaia, de Lins (SP), sofrer uma operação semelhante. A entidade, que fornece tratamento à base de Cannabis medicinal para mais de 9 mil pacientes, teve 466 pés de maconha e outros 96 em fase de produção de óleo confiscados.

Na ocasião, aparelhos celulares e computadores também foram apreendidos para análise da logística financeira. Guilherme Viel, fundador e presidente da Santa Gaia, foi preso em flagrante e, em audiência de custódia, sua prisão foi mantida.

Operação Desvio Verde

Esta segunda fase da Operação Desvio Verde ocorre sete meses após a primeira. Naquela ocasião, em março, 350 frascos de óleos e 900 plantas (entre pés e mudas) da associação foram incinerados, e outros materiais, destruídos.

Segundo nota da polícia, o inquérito policial teve início em 2024. A investigação começou após a identificação de uma plantação de cannabis em propriedade rural localizada no Município de Caçapava do Sul.

Os investigados poderão responder pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico. Também podem responder por falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.

A polícia aponta que as investigações indicam que o cultivo ocorre em escala "significativamente superior à autorizada". A PF também alega que a plantação estaria em local distinto do permitido.

O Portal Sechat entrou em contato com a Polícia Federal do Rio Grande do Sul. Até o momento da publicação desta matéria, não obteve resposta.