Entre promessas e barreiras: a jornada dos psicodélicos rumo à saúde mental

A medicina psicodélica avança no mundo, unindo ciência e saberes ancestrais, mas o Brasil ainda enfrenta um limbo regulatório que ameaça atrasar seu potencial de cura e inovação

Publicada em 19/08/2025

Entre promessas e barreiras: a jornada dos psicodélicos rumo à saúde mental

Entre a ciência e o silêncio: o Brasil na encruzilhada psicodélica | CanvaPro

O mundo vive uma nova primavera terapêutica. Com um mercado global que já movimenta bilhões e pesquisas que apontam para resultados antes inimagináveis, a medicina psicodélica desponta como um dos campos mais promissores da saúde mental contemporânea. 


Psilocibina, cetamina, ibogaína, DMT são alguns  nomes que até pouco tempo estavam restritos a conversas de nicho, agora ocupam espaço em conferências médicas e artigos científicos de peso.


Mas no Brasil, essa revolução caminha sobre um terreno irregular. Avanços científicos de ponta coexistem com um limbo regulatório que deixa médicos, pacientes e investidores navegando às cegas e, muitas vezes, amparados apenas pela via judicial. É um paradoxo: enquanto laboratórios e universidades brasileiras figuram entre as mais inovadoras do mundo, a legislação ainda caminha a passos lentos.


2025: a que ponto estamos?

 

Especialistas apostam que 2025 será um divisor de águas. Mesmo após o revés histórico da FDA em 2024, que freou temporariamente o entusiasmo global em torno do MDMA, a agenda segue viva e pulsante neste segundo semestre.  Estudos sobre a medicina psicodélica avançam com força, buscando não apenas comprovar eficácia, mas também criar protocolos integrativos que aliem ciência e cuidado humano.


No Brasil, a Unifesp lidera frentes pioneiras, como a microdosagem intravenosa de DMT de curta duração, que abre portas para tratamentos ambulatoriais acessíveis. Lá fora, instituições como Johns Hopkins e a MAPS apresentam resultados que beiram o histórico: remissão significativa de depressão resistente e TEPT- Transtorno de Estresse Pós-Traumático com abordagens assistidas por psicodélicos.


O Brasil como potência, se quiser ser

 

Com cerca de 12 milhões de pessoas vivendo com depressão, segundo a OMS, o Brasil é um mercado clínico de peso. Mais do que números, temos algo único: a diversidade cultural e os saberes ancestrais, que oferecem a chance rara de unir inovação de ponta com tradições milenares. 


Pesquisadores já defendem que essa integração seja feita com respeito e protagonismo, criando protocolos que valorizem tanto a ciência quanto as raízes indígenas e amazônicas.


Enquanto isso, substâncias como a psilocibina seguem restritas, e instituições como o Instituto Phaneros ainda travam batalhas na Justiça para poder pesquisar. 

 

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