We Need to Talk About Cannabis debate regulação e produção de cannabis medicinal no Brasil
Edição 2025 do WNTC discute revisão da RDC 327, estudos clínicos e regulamentação para uso veterinário
Publicada em 18/06/2025

Carolina Sellani apresenta painel com representante da Anvisa, durante a 5ª edição do We Need to Talk About Cannabis (Foto: Divulgação)
A 5ª edição do We Need to Talk About Cannabis (WNTC) abordou temas relacionados ao desenvolvimento do setor de cannabis medicinal no Brasil. Entre os assuntos debatidos estiveram a revisão da RDC 327 da Anvisa, a verticalização da produção de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) e a transição regulatória para medicamentos.
De acordo com Carolina Sellani, head de alianças estratégicas da SAIL for Health e coordenadora do grupo de trabalho sobre insumos de cannabis na Abiquifi, “esse ano a gente pôde realizar a 5ª edição do WNTC [...] em paralelo ao amadurecimento do próprio setor de cannabis medicinal no país”.
Segundo Sellani, os painéis trataram “das atualizações da revisão 327, junto com a Anvisa”, e da possibilidade de produção nacional de IFAs, com impacto “não só para o setor produtivo, mas também [...] para o paciente, em questão de qualidade, custo, acesso”.
Estudos clínicos
O evento também discutiu a condução de estudos clínicos como etapa para a transição da norma para medicamentos. “A 327 como uma catapulta para as empresas poderem realizar seus estudos clínicos para ampliar a eficácia, mais segurança para a prescrição dos médicos, mais informações para os pacientes também”, afirmou Sellani.

Durante o evento, o advogado Leonardo Navarro também contribuiu com a análise sobre a revisão da RDC 327. Segundo Navarro, não se trata simplesmente de uma revisão e, sim, de um aprimoramento da norma para que médicos e pacientes tenham mais opções de produtos como “a inclusão de novas vias de administração, então a sublingual, a dermatológica” e outras possibilidades, como “a farmácia de manipulação”.
Além disso...
Navarro também chamou atenção para a mudança na classificação da receita: “produtos com até 0,2% de THC passam, pela possibilidade da prescrição, pela receita branca [...] quase a totalidade de médicos inscritos podem ter acesso à receita branca, saindo da receita A e B”. O advogado lembrou também que outro tema que será destaque no debate da Anvisa em 2025 é a revisão da RDC 660, que trata sobre a importação de produtos à base de cannabis.
Como perspectiva para o futuro do setor, Lucas Fisher, CEO da Endogen, afirmou: “a nossa expectativa é que é muito grande o que precisa de ter esse momento dos produtos nas farmácias no Brasil e eu creio que a revisão da 327 vai estimular e vai facilitar o acesso ao mercado de cannabis medicinal com a receita de controle especial, com liberação no e-commerce, vai estimular o mercado, democratizar o acesso de uma forma não vista ainda”. Segundo ele, “o crescimento estimulado pela revisão 327 vai se vertical aos próximos anos”.

Outro tema abordado foi a regulamentação de medicamentos para saúde animal. “Esse ano também poder voltar a falar do tema de saúde animal com a possibilidade da via de registro desses medicamentos no Ministério da Agricultura [...] foi super importante para uma discussão de um novo mercado como um todo”, conclui Sellani.
Leia mais:
➡️ Cannabis no SUS: Câmara dá primeiro passo para beneficiar pessoas com deficiência
Uma proposta em discussão no Congresso pode transformar o acesso ao tratamento com cannabis para pessoas com deficiência.
➡️ Mesmo judicializado, acesso à cannabis no SUS é travado, alerta representante da saúde de Porto Alegre
Por que nem mesmo decisões da Justiça estão garantindo o fornecimento? Especialista explica os entraves.
➡️ Cuidar de quem cuida: USP estuda o CBD no tratamento do burnout em cuidadores
Pesquisadores investigam como o canabidiol pode ajudar quem enfrenta o esgotamento emocional no dia a dia.