O humor verde de Fil Santos que viraliza e conscientiza
O comediante Fil Santos usa o humor para falar de cannabis com leveza, criatividade e consciência, viralizando nas redes enquanto ajuda a quebrar tabus e preconceitos
Publicada em 01/08/2025

“Não leve a vida tão a sério”: o lifestyle de Fil Santos | Foto: Reprodução IG
Não foi num rolê qualquer. Antes mesmo do primeiro contato com a substância através do uso adulto, Filipe Pereira Santos, mais conhecido como Fil Santos, já estudava a planta Cannabis sativa L. com a curiosidade de quem pressentia que ali havia algo maior.
“Antes de queimar o primeiro baseado eu já tinha estudado bastante, visto documentário, lido uns livros… quando finalmente fui experimentar, já virou parte da minha rotina”, conta ele, que se tornou um dos nomes mais comentados nas redes sociais ao falar sobre cannabis com humor, leveza e aquele toque de irreverência que quebra preconceitos sem pedir licença.
Chapado de criatividade
Entre piadas que viralizam e vídeos que fazem milhares rirem, e refletirem, o comediante reconhece que a cannabis tem papel central no seu processo criativo. “É tipo um ‘tadala da criatividade’”, brinca. “Pra quem é comediante então, é ouro: a risada vem fácil, as situações do dia a dia ganham uma graça que às vezes ‘só chapado’ pra enxergar”, explica. Essa lente cômica com filtro verde é o que conecta seu conteúdo com uma audiência cada vez mais ampla e engajada.

Fil viu sua vida mudar com um único reels: “Já perdi um amigo pra maconha… é que esqueci onde ele tava”. A piada, aparentemente despretensiosa, bateu 25 milhões de visualizações e abriu portas para uma nova fase.
“Comecei a ser reconhecido pelos maconheiros de todo Brasil”, lembra. Foi aí que ele entendeu: rir da cannabis, no seu estilo, era também uma forma de dar voz e acolhimento a quem muitas vezes se sente à margem.
"Não leve a vida tão a serio"
Se tivesse que resumir sua filosofia, Fil não hesita: “Não leve a vida tão a sério.” Essa frase não é só punchline, é estilo de vida. É com ela que ele se equilibra entre o meme e a militância, entre a crítica social e o vídeo de 30 segundos. Porque, sim, o conteúdo de Fil vai além da zoeira. “Recebi mensagem de gente dizendo que os vídeos ajudaram a sair da bad, da depressão… aí percebi que era maior do que eu pensava”, revela. “Se além da risada eu ajudo a quebrar preconceito e a deixar quem fuma se sentindo menos julgado, tô fazendo o certo”, pontua.
Mas nem tudo é leveza nesse universo. Falar de maconha abertamente nas redes ainda é tabu e, muitas vezes, perigoso. “Já rolou ameaça em comentário, algoritmo derrubando vídeo, sumindo alcance… dá um medinho, não vou mentir”, diz o humorista. Ainda assim, ele segue firme. “Se a gente se cala, ninguém fala nada e a parada nunca evolui”, argumenta.
Informação é o novo baseado
Para Fil, o Brasil ainda engatinha na discussão sobre regulamentação da cannabis. E o obstáculo principal não é só político, mas sim, cultural. “O maior problema é essa fofoca mal falada sobre a planta”, resume. “Muita gente tem preconceito porque nunca recebeu informação real, só ouviu história errada”. A chave, segundo ele, está na educação, na ciência e no direito. “Quando a conversa virar ciência e direito, aí sim o jogo muda de verdade”, analisa o comediante.
Fil Santos não está apenas fazendo comédia: ele está, sem pretensão e com muito carisma, ajudando a construir uma nova narrativa sobre a cannabis no Brasil. Uma que cabe nos memes, mas também nas conversas sérias. Uma que ri, mas também resiste. Porque, como ele mesmo diz, chapado também é cidadão e tem muito a dizer.
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